A Rede Mocambos realizou na Casa de Cultura Tainã, entre os dias 22 e 26 de março, um encontro com quatro jovens quilombolas das comunidades Kalungas de Cavalcante, Engenho II e Rio do Prata para construir os próximos passos da continuidade da construção da rede de comunicação no território Kalunga. (Assiste vídeos no Baobáxia)

O encontro foi uma imersão nas vivências de cada um dos participantes, a fim de se levantar e definir dados das antenas que já foram instaladas na região e pensar onde serão fixados os próximos pontos e possíveis formas de arrecadação de recursos para comprar os outros equipamentos que serão instalados.

Laisa Santos, nascida na região do Rio do Prata, relata em sua experiencia que veio reunir-se em Campinas depois de participar de assembleias realizadas na Casa Kalunga onde foi apresentado o projeto da instalação de uma rede livre de telefonia celular entre as comunidades. “Estavam fazendo um levantamento e vi que a regiã o do Prata não ia ser incluída porque não tinha nenhum representante. No outro dia eu e a Geórgia fomos medir os pontos para ver onde a antena poderia ser instalada.”

Já na quarta-feira (22/3) a Rede assinou junto com a Casa Tainã (representada pelo TC Silva) o Acordo de Cooperação Técnica com o Centro de Tecnologia e Informação (CTI) Renato Archer, para fortalecer a iniciativa em pesquisa e desenvolvimento em tecnologias de comunicação e informação com as comunidades de povos tradicionais. Na ocasião foi apresentado e assinado o “Projeto Territórios Digitais”, o plano de trabalho que traça novos caminhos a partir dessa parceria institucional para os próximos cinco anos. Os jovens tiveram também uma visita guiada a diversos núcleos de atuação em tecnologia de atuação do centro de pesquisa, como o de reciclagem de lixo eletrônico e o laboratório de energia fotovoltaica.

Em paralelo a Rede integrou também o Encontro de Redes Emergentes GSM no Brasil. O seminário aconteceu na Universidade de Campinas e foi debatido, a partir da experiência do uso desse tipo de rede em Oaxáca, possibilidades de trabalhá-la pelo Brasil. Peter Brun, da rede mexicana Rizhomática, nos conta que o projeto atende vinte comunidades tradicionais locais e foi desenvolvido para que as populações tenham direito ao acesso à comunicação. “ Hoje já são três mil usuários e cada comunidade tem sua estrutura auto-organizada.”

Se reuniram coletivos das regiões norte, centro-oeste, sudeste e nordeste do país e foram definidos dois grupos de trabalho. Um frente à legislação para assegurar a legitimidade do uso experimental dessas tecnologias de comunicação nas comunidades quilombolas, ribeirinhas, indígenas e urbanas. E o outro para sistematizar os dados dos territórios onde já estão sendo executadas o sistema de telefonia comunitária.

Proxima notícia Notícia anterior